Saúde mental infantil: entenda sua importância

Criança observa um ursinho de pelúcia apoiado sobre um livro aberto, simbolizando o poder do brincar e da imaginação no desenvolvimento emocional e na saúde mental infantil
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A infância é uma fase de descobertas, aprendizados e desenvolvimento intenso. Nesse período, o corpo cresce e a mente passa por mudanças fundamentais. Cuidar da saúde mental infantil é essencial para que as crianças tenham um desenvolvimento saudável, aprendam a lidar com emoções e construam relacionamentos positivos. 

Mais do que prevenir problemas, falar sobre saúde emocional das crianças significa investir no futuro. Afinal, sentimentos bem acolhidos e apoio adequado ajudam a formar adultos mais seguros, resilientes e preparados para enfrentar os desafios da vida. 

O que é saúde mental infantil?

A saúde mental infantil se refere ao bem-estar emocional, psicológico e social das crianças. Ela influencia diretamente em como a criança: 

  • entende o mundo ao seu redor;
  • lida com sentimentos como medo, alegria ou frustração;
  • aprende novas habilidades;
  • constrói vínculos com família, colegas e professores.

É importante lembrar que cuidar da mente não significa apenas evitar doenças. Uma criança com boa saúde mental tem espaço para expressar emoções, recebe apoio quando precisa e encontra um ambiente que favorece segurança e confiança. 

Por que a saúde mental das crianças é tão importante?

Durante a infância, as experiências moldam a forma como a criança irá enxergar a si mesma e o mundo. A maneira como os pais, cuidadores e a escola acolhem os sentimentos da criança impacta diretamente no desenvolvimento de sua autoestima, segurança emocional e capacidade de enfrentar dificuldades. 

Problemas emocionais não tratados na infância podem aumentar o risco de ansiedade, depressão e dificuldades de relacionamento na vida adulta. Por outro lado, quando há apoio e acompanhamento adequado, a criança desenvolve habilidades de resiliência, autoconfiança e empatia. 

Como identificar sinais de ansiedade e estresse em crianças

Nem sempre é fácil perceber quando uma criança está passando por dificuldades emocionais. Muitas vezes, os sinais aparecem de forma indireta. Alguns indícios de ansiedade infantil ou estresse podem incluir: 

  • mudanças no sono, como insônia ou pesadelos frequentes;
  • alterações no apetite;
  • irritabilidade, choro fácil ou explosões de raiva;
  • queixas físicas, como dores de cabeça ou de barriga sem causa aparente;
  • dificuldade de concentração ou queda no rendimento escolar;
  • isolamento social, evitando brincar ou interagir com outras crianças.

Vale reforçar que todos podem ter dias ruins, mas quando esses sinais se tornam frequentes e atrapalham o cotidiano, é importante buscar ajuda. 

Quando procurar apoio profissional (psicólogo infantil)

Muitos pais se perguntam quando se torna necessário procurar um psicólogo. 

E a resposta é que é importante buscar ajuda profissional quando houver sinais persistentes de sofrimento emocional ou dificuldades no desenvolvimento da criança. Algumas situações em que o acompanhamento psicológico pode ser indicado incluem: 

  • ansiedade ou tristeza constante;
  • dificuldades de adaptação na escola;
  • mudanças significativas de comportamento após separação dos pais, perda ou mudanças de rotina;
  • problemas de socialização ou bullying;
  • dificuldade de lidar com limites.

Se perceber sinais persistentes de sofrimento, buscar ajuda profissional pode fazer toda a diferença. Um psicólogo infantil pode orientar tanto a criança quanto a família nesse processo. 

Estratégias práticas para apoiar a saúde emocional (pais e escola)

Pais e educadores desempenham um papel essencial na promoção do bem-estar emocional. Algumas estratégias podem ajudá-los nesse processo: 

  • Escuta ativa:

    Dar espaço para a criança falar e validar seus sentimentos. 

  • Rotina estruturada:

    Manter horários previsíveis transmite segurança. 

  • Exemplo positivo:

    Crianças aprendem muito observando como os adultos lidam com frustrações. 

  • Incentivo ao diálogo:

    Conversar sobre emoções ajuda a criança a reconhecê-las e nomeá-las. 

  • Ambiente escolar acolhedor:

    Professores e coordenadores podem criar espaços de apoio, além de identificar sinais de dificuldade. 

Escolas também podem contribuir com programas de educação socioemocional, que ensinam habilidades como empatia, cooperação e resolução de conflitos. 

Rotina saudável: sono, limites e uso de telas

Alguns hábitos simples têm impacto direto na saúde mental infantil: 

Sono adequado

O descanso é fundamental para o desenvolvimento. Crianças de 6 a 12 anos precisam, em média, de 9 a 12 horas de sono por noite. A falta de sono pode aumentar irritabilidade, dificuldades de concentração e ansiedade. 

Limites claros

Estabelecer regras consistentes dá segurança para a criança. Saber o que esperar evita insegurança e reduz conflitos no dia a dia. 

Uso equilibrado de telas

O excesso de tempo em frente a celulares, tablets e TV pode prejudicar o sono, aumentar a ansiedade e dificultar interações sociais. Especialistas recomendam limitar o tempo de tela e incentivar brincadeiras ao ar livre, leitura e atividades criativas. O manual #MenosTelas #MaisSaúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça que crianças menores de 2 anos não devem ser expostas às telas e que até os 5 anos esse tempo deve ser limitado a no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão. Em crianças maiores e adolescentes, a recomendação é manter limites claros, evitar o uso durante as refeições e desconectar pelo menos 1 a 2 horas antes de dormir. 

+Leia Mais: Excesso de telas na infância: mitos e verdades 

Como escolher um psicólogo infantil

Ao perceber a necessidade de acompanhamento, surge outra dúvida: como escolher um psicólogo infantil? 

Há alguns pontos importantes a se considerar: 

  • Formação e especialização:

    Verifique se o profissional tem experiência em psicologia infantil. 

  • Abordagem terapêutica:

    Diferentes métodos (como terapia cognitivo-comportamental, ludoterapia) podem ser mais adequados dependendo do caso. 

  • Empatia e conexão:

    A criança precisa se sentir à vontade com o psicólogo. 

  • Participação da família:

    O ideal é que seja um profissional que envolva pais ou cuidadores no processo terapêutico. 

Conclusão

Cuidar da saúde mental infantil é um investimento no presente e no futuro. Ao dar atenção às emoções, estabelecer rotinas saudáveis, limitar o uso de telas e buscar apoio profissional quando necessário, pais e educadores ajudam as crianças a crescerem mais seguras e equilibradas. 

Lembre-se: procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de cuidado. O suporte de um psicólogo infantil pode fazer toda a diferença no desenvolvimento emocional do seu filho. 

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Categorias: Infantil Saúde
Dr. Marcelo Gobbo Jr.: Médico de Família e Comunidade e editor médico da Afya CRM: 74511 MG