Reposição hormonal da menopausa: quem pode fazer?

Reposição hormonal: Imagem de Freepik.

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A reposição hormonal da menopausa funciona para todas as mulheres? Conheça as principais indicações e contraindicações.

Para que serve a Terapia de Reposição Hormonal da Menopausa (TRH)?

Esse tratamento serve para repor os hormônios que diminuem no climatério e após a menopausa com o objetivo de aliviar alguns sintomas que podem incomodar nesta fase da vida. Na maior parte dos casos, a menopausa ocorre entre os 45 e os 55 anos.

Menopausa: definição, sintomas e tratamento

O climatério é o momento em que os ovários começam a diminuir a produção hormonal e chamamos de menopausa a última menstruação da vida. Consideramos que uma pessoa teve a menopausa após 1 ano sem sangramento menstrual, desde que não esteja sob influência de medicações hormonais, como os anticoncepcionais.

O principal hormônio envolvido nos sintomas é o estrogênio, mas em muitos casos é necessário associar uma progesterona ao tratamento também. O uso de testosterona raramente está indicado.

Quando está indicada a reposição hormonal?

A principal indicação de reposição hormonal sistêmica (que age no corpo todo) é a presença de fogachos, as famosas ondas de calor do climatério, especialmente quando eles diminuem a qualidade de vida da mulher.

A TRH também pode ajudar com outros sintomas que ocorrem nesta fase como irritabilidade, instabilidade emocional, depressão, ansiedade, fadiga, dores articulares, ressecamento vaginal, esquecimentos e insônia, entre outros. Entretanto, esses sintomas também podem ser satisfatoriamente tratados com outras estratégias.

Não é necessário realizar a dosagem dos hormônios sexuais para verificar a necessidade de realizar a reposição: a presença dos sintomas é o suficiente. Os exames a serem realizados antes serão para pesquisar contraindicações, fatores de risco e outras causas para os sintomas.

A reposição hormonal é capaz de prevenir alguma doença?

Sim! Desde que iniciada no momento certo. Nesse caso, é capaz de prevenir osteoporose e doenças cardiovasculares como trombose, infarto e derrame (também chamado de AVC – Acidente Vascular Cerebral). Entretanto, não é recomendado iniciar a TRH em pessoas sem sintomas relacionados ao climatério, uma vez que existem outras formas de realizar essa prevenção.

A exceção são aquelas que apresentam insuficiência ovariana precoce, também conhecida como menopausa precoce, quando a menstruação cessa antes dos 40 anos. Essas devem iniciar a reposição mesmo que sem sintomas, se não apresentarem contraindicações.

Em que momento é recomendado iniciar a TRH?

O melhor momento é quando os sintomas começam a reduzir a qualidade de vida. Iniciar o tratamento cedo aumenta a sua efetividade e diminui seus riscos. Portanto, não é necessário aguardar a última menstruação da vida da mulher.

É fundamental que a mulher esteja dentro da chamada “janela de oportunidade”. Essa janela compreende até 10 anos após a menopausa ou até os 60 anos de idade, em casos em que não é possível determinar a idade da menopausa, como em mulheres que retiraram o útero, por exemplo.

Iniciar a reposição fora do período recomendado pode acarretar mais riscos do que benefícios, principalmente no que diz respeito às doenças cardiovasculares. Nesse caso, os efeitos protetores não existem mais e os riscos são aumentados.

Toda mulher vai precisar de reposição hormonal?

Não! A maioria das mulheres não vai precisar. Apenas aquelas que têm sua qualidade de vida afetada pelos sintomas do climatério e não apresentem contraindicações devem realizar a TRH.

Quem não pode fazer reposição hormonal?

As principais contraindicações à reposição hormonal são:

  • História de infarto ou AVC
  • Presença de angina
  • Hipertensão descontrolada
  • Câncer de mama ou lesões precursoras
  • Câncer de endométrio
  • Sangramento uterino de causa desconhecida
  • Doença descompensada do fígado
  • História de trombose
  • Doenças que aumentam risco de trombose como alguns tipos de Lúpus
  • Porfiria
  • Meningioma (contraindica progesterona)

Mulheres com hipertensão controlada, diabetes, colesterol ou triglicérides alterados e obesidade não devem utilizar a reposição de estrogênio oral, mas podem considerar a reposição pela pele (gel ou spray).

Quais são os riscos se eu utilizar a reposição hormonal?

Os maiores riscos estão relacionados à utilização da reposição hormonal fora da janela de oportunidade e na presença de contraindicações.

Existe um pequeno aumento de risco de câncer de mama, que pode variar de acordo com o esquema utilizado.

Pode haver também aumento do risco de trombose, principalmente nas formulações com estrogênio oral.

É fundamental manter o acompanhamento médico durante a reposição hormonal, levar os exames solicitados para acompanhamento e fazer sua parte na redução dos fatores de risco: parar de fumar, fazer exercícios, se alimentar de forma saudável.

Essas medidas também ajudam na qualidade de vida independentemente do uso da terapia de reposição hormonal.

E os cremes vaginais de estrogênio?

Um dos sintomas mais comuns na fase do climatério é o ressecamento vaginal, que pode causar desconforto, coceira, ardência e dor na relação sexual, além de facilitar a ocorrência de infecção urinária.

Pessoas que apresentam esse sintoma costumam apresentar uma ótima resposta ao tratamento com cremes vaginais contendo estrogênios. Esse tratamento tem poucas contraindicações, uma vez que pouquíssima quantidade de hormônio é absorvida pelo corpo. Por outro lado, ele não serve para melhorar os outros sintomas relatados, apenas os genitais.

Existem outras formas de tratamento, além da reposição hormonal?

Sim! A prática de atividade física e alimentação saudável são grandes aliadas, tanto na prevenção como no tratamento dos sintomas da menopausa.

Essas medidas devem ser realizadas inclusive por mulheres que estão realizando a TRH.

Existem, ainda, os fitoterápicos, como chá da folha da amora, isoflavonas da soja e cimicifuga. Os derivados da soja têm as mesmas contraindicações da reposição hormonal tradicional e devem ser utilizados com cuidado.

Outra opção de medicamento que pode ser útil são alguns antidepressivos, como por exemplo: desvenlafaxina, citalopram, paroxetina.

E os hormônios “bioidênticos”?

Existem profissionais que prescrevem hormônios manipulados com o apelo de serem “bioidênticos”, mais naturais ou na forma de implantes. Essas formulações não são recomendadas devido à dificuldade de se avaliar a qualidade, a quantidade de liberação e os efeitos no organismo.

Além disso, os hormônios industrializados mais utilizados já são bioidênticos, ou seja, idênticos às moléculas naturais, e são fiscalizados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Procure ajuda profissional

Se você está sofrendo com os sintomas do climatério procure ajuda de um ginecologista ou endocrinologista para saber quais opções de tratamento são mais indicadas para você. Nunca utilize hormônios por conta própria.

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Carolina Caldas: Médica formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Médica de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).  CRM 520107347-8