Recentemente, o termo “alergia ao glúten” vem ganhando destaque, embora o nome correto dessa condição seja doença celíaca. Quem convive com esse diagnóstico precisa excluir completamente de sua alimentação o glúten (proteína presente em alimentos como pães, massas, cereais e algumas bebidas, incluindo a cerveja).
A doença celíaca é uma resposta autoimune crônica. Ao consumir glúten, o sistema imunológico reage de forma inadequada e passa a atacar o próprio intestino. Isso provoca inflamação e dano nas vilosidades intestinais, estruturas essenciais para a absorção de nutrientes. Com o tempo, essa agressão pode levar à anemia, perda de peso, desconfortos gastrointestinais, alterações cutâneas, fadiga e outros sintomas.
Como saber se tenho a doença celíaca?
A investigação começa com uma avaliação clínica cuidadosa, seguida de exames específicos de sangue e endoscopia com biópsia. Embora o quadro intestinal seja quase sempre afetado, a apresentação pode variar bastante e pode iniciar-se em qualquer idade. Os sintomas clássico incluem:
- Diarreia crônica (mais de 30 dias);
- Dor abdominal;
- Barriga inchada;
- Alteração de humor (irritabilidade ou apatia);
- Perda de apetite;
- Desnutrição;
- Anemia;
- Vômitos;
- Perda ou pouco ganho de peso.
Sintomas intestinais
- Diarreia crônica;
- Dor ou distensão abdominal;
- Náuseas e vômitos;
- Perda ou pouco ganho de peso.
Sintomas gerais
- Cansaço excessivo;
- Anemia;
- Dor de cabeça;
- Baixa estatura em crianças.
Sintomas na pele
- Dermatite herpetiforme (coceira com pequenas bolhas)
Sintomas emocionais
- Irritabilidade
- Apatia
Cabe destacar que há uma relação bem estabelecida entre a doença celíaca e o diabetes mellitus tipo 1, já que ambas são condições autoimunes e compartilham predisposição genética semelhante. Estudos mostram que pessoas com diabetes tipo 1 apresentam maior risco de desenvolver doença celíaca ao longo da vida, muitas vezes de forma silenciosa ou com sintomas pouco evidentes.
Por esse motivo, diretrizes internacionais recomendam que indivíduos com diabetes tipo 1 realizem rastreamento periódico para doença celíaca, mesmo na ausência de manifestações digestivas.
Como é feito o tratamento?
O único tratamento eficaz é manter uma dieta totalmente livre de glúten, por toda a vida. Após a adaptação inicial, a grande maioria dos pacientes observa melhora progressiva dos sintomas e recuperação da saúde intestinal.
Os alimentos proibidos são todos aqueles preparados com trigo, centeio ou cevada. Entre os principais, estão: farinha de trigo, sêmola, pães, bolos, biscoitos, massas, pizzas, aveia não certificada, malte, bebidas maltadas e cervejas tradicionais. Como alternativa, podem ser usadas farinhas de arroz, coco, amêndoas, grão-de-bico, fubá e diversos outros carboidratos naturalmente isentos de glúten.
Hoje, o mercado oferece muitas opções seguras para celíacos, e também é possível montar cardápios variados com alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, carnes frescas, leite e queijos não processados. Ainda assim, é indispensável ler os rótulos com atenção, pois vários ultraprocessados (como embutidos, carnes temperadas, caldos, molhos prontos, temperos industrializados, empanados e alguns sorvetes) podem conter glúten na composição.
Mesmo alimentos naturalmente seguros podem se tornar inadequados se entrarem em contato com superfícies ou utensílios que tiveram glúten. Por isso, recomenda-se atenção com panelas, assadeiras, air fryer, tostadeiras, utensílios compartilhados e óleos utilizados para frituras a fim de evitar contaminação cruzada.
A doença celíaca se manifesta em pessoas com predisposição genética. Essa característica também predispõe a Diabetes Mellitus insulino dependente, fazendo com que a associação dessas duas patologias seja bastante frequente. Em geral, o diabetes ocorre antes da DC, mas o contrário também pode acontecer.
É indispensável que a dieta seja isenta de glúten e que haja controle de carboidratos. Embora o início da mudança alimentar pareça desafiador, a adaptação acontece e, com o tempo, a restrição deixa de ser um obstáculo.
A combinação de informação, escolha adequada dos alimentos, apoio da família e acompanhamento profissional torna o tratamento eficaz e garante melhora dos sintomas, conforto e qualidade de vida.
